A Nascar – National Association for Stock Car
Auto Racing
– foi criada em 1948 por William “Bill” France e Eduard “Ed” Otto, utilizando
carros “de estoque”, com alguma preparação para aumentar a potência e
velocidade, uma vez que desde a década de 1920 a corridas aconteciam de
qualquer jeito, em todos os Estados Unidos, e a criação dessa associação visava
regulamentar e padronizar tanto os carros quanto as provas, e reduzir a bagunça
generalizada. A partir da segunda metade de 1960, os carros passaram a ser
construídos especificamente para as corridas, devido ao crescimento gigantesco
da categoria, as altas velocidades atingidas e, claro, aos acidentes que 68 (?)
carros correndo em blocos ocasionavam.
Medidas como essa
atraíram a atenção das montadoras, que passaram a utilizar a categoria para
promover a venda de seus carros, ajudando nos custos e estruturas de equipes independentes,
e daí em diante muitas dessas equipes e pilotos passaram a viver inteiramente
do automobilismo – e as montadoras a vender como nunca. Os negócios prosperavam
na mesma velocidade dos carros, e na década de 1970 a RJ Reynolds tornou-se a
principal patrocinadora da categoria, que passou a ser conhecida como Nascar
Winston Cup. As premiações em dinheiro para pilotos e equipes aumentaram, as
emissoras de televisão entenderam o gigantesco mercado que se abria, e em 1979
a ABC transmitiu ao vivo, integralmente, pela primeira vez, as 500 Milhas de
Daytona. Sabendo como ninguém criar o show, e marqueteiros desde seus
nascimentos, os norte-americanos foram desenvolvendo regulamentos técnicos e
desportivos que agregaram uma aura de dramaticidade e emoção às provas da
Nascar que só fez aumentar ininterruptamente o interesse tanto do público
quanto de patrocinadores. Para evitar problemas como superlotação de grids,
acidentes fatais (os não fatais fazem parte do show...) e atender a demanda de
interessados, regulamentou-se em 1982 a Nascar Busch Series, bancada pela Anheuser-Busch
através da cerveja Budweiser, tida como a segunda divisão da Nascar, por ser
utilizada pelas equipes para desenvolver pilotos, visando a Winston Cup.
Para “formar” equipes e pilotos interessados na Busch Series, criou-se, em
1995, a Craftsman Truck Series, outra sub-divisão da Nascar, utilizando
Pick-Ups e regras diferenciadas das duas “superiores”, e hoje a Nascar
controla, ainda, diversas categorias regionais, como a K&N Pro Series East
e West Coast, entre outras, todas criadas para formar
desde a base os pilotos que um dia chegarão ao Olimpo das categorias de
Turismo, e todas as sub-divisões, sem exceção, são amplamente apoiadas pelas
principais montadoras dos Estados Unidos – Chevrolet e Ford, uma vez que a
Dodge, sob comando da Fiat, abandonou as pistas – e, mais recentemente, com a
entrada da japonesa Toyota. Montadoras, fornecedores, fabricantes de
ferramentas, cervejarias, setores alimentícios, de higiene, diversão etc fazem
hoje da Nascar uma de suas principais vitrines, associando seus nomes a pilotos
que se tornam referências e ídolos e ajudam a vender seus produtos. Como não
tem nada de burros, criam ações e mais ações de marketing, e o comercio de
produtos e souvenires vinculados aos carros e pilotos, a cada etapa, movimenta
milhares de Dólares. É assim que se une a competição à geração de renda, que se
reverte em premiações em dinheiro aos participantes das corridas; voltas
completadas viram dinheiro; voltas na liderança viram dinheiro; pole-position
vira dinheiro, vitórias viram dinheiro. Tudo vira dinheiro, todo mundo ganha,
todo mundo investe e todo mundo disputa até o ultimo milímetro de cada corrida.
Com o “aperto” sobre a indústria tabagista, a Nextel passou a ser o principal
patrocinador da categoria, e criou o que se conhece por Chase for the Cup, que
separa os 12 melhores colocados (entre os 40 inscritos, em média, a cada prova)
a partir da 10 ͣ etapa que antecede o final do campeonato, composto por 36
etapas, como os únicos candidatos ao titulo de campeão da temporada. Isso faz
com que ninguém alivie em nenhum momento, não existindo o conceito de
“regularidade” na cabeça de ninguém, é pé embaixo todas as voltas em todas as
provas, que são disputadas em diversas configurações de circuitos ovais e dois
circuitos mistos, formato mantido até hoje, após a compra da Nextel pela
Sprint, que rebatizou, em 2008, a categoria como Nascar Sprint Cup, a Busch
tornou-se Nationwide Series e a Craftsman é agora Camping World Truck Series.
De olho em tudo o que a Nascar
representa para o mundo da velocidade, pilotos brasileiros, além de empresários
e chefes de equipe, começam a se envolver com as categorias, e Miguel Paludo
disputa sua segunda temporada pela Camping World Truck Series, enquanto Nelson
Piquet Jr. faz sua temporada de estréia pela Nationwide Series, ambos visando,
claro, chegar a Sprint Cup.
Renato Pereira – blogtruecar@gmail.com
Muito bom Renato, parabéns!
ResponderExcluirO pobre automobilismo brasileiro poderia se espelhar um pouco na força dos americanos, mas nossos dirigentes...
Um abraço