O nome diz tudo. Em inglês talvez seja mais sonoro e
bonitinho falar Air Bag, mas em bom Português o nome é Bolsa de Ar mesmo,
apesar de não ser ar o que infla a bolsa. Ainda hoje um complemento de
segurança que gera alguma controvérsia, por ser um equipamento oculto e só
perceptível por ter uma inscrição sobre a peça que o esconde, e visível apenas
depois de utilizado, o Air Bag já provou ser indispensável como complemento da
segurança passiva do condutor e passageiros dos veículos e, nos países
comprometidos com a integridade de seus habitantes, como o Japão, por exemplo,
são itens de série em todos os modelos, desde o mais básico, sem que isso afete
o valor final do veículo, tanto que há muito os Air Bags saíram da lista de
opcionais ou acessórios que fazem, por aqui, a alegria das montadoras e
revendedores. É item de segurança, original, sistema integrante do veículo e
seria tão ridículo destacar e cobrar a mais pelo sistema quanto anunciar os
freios como itens opcionais em um veículo. Mas e agora, que também será item
obrigatório em todos os veículos a partir do próximo ano, como será? Teremos “versões”
diferentes do sistema ou serão instalados sistemas verdadeiros e funcionais?
Como todo sistema aparentemente simples, seu
funcionamento é complexo, e seu desenvolvimento, até atingir a eficiência dos
dias atuais foi árduo e permeado de problemas aparentemente insolúveis, não
pelo projeto em sí, mas pela tecnologia disponível quando a ideia começou a
tomar forma. Vamos acompanhar essa história e entender seu funcionamento?
Bem, que me desculpem os mais puristas ou os que
acreditam em duendes, mas, assim como quase tudo o que impulsionou a tecnologia
e a indústria norte-americana do pós-guerra, a ideia do Air Bag não é
diferente, e veio da Europa devastada. Foi patenteada nos Estados Unidos, mas
não foi concebida lá, e uma coisa é bem diferente da outra. A inspiração partiu
da necessidade de se criar alguma coisa que ajudasse a minimizar o numero de
mortes dos pilotos de aviões de combate que, quando atingidos, despencavam dos
céus como uma âncora e se estatelavam no chão ou no mar. Como a ideia dos
Aliados era destruir a temida Luftwaffe, senão nada feito de derrotar os
alemães na Europa, Wilhelm “Willy” Emil Messerschmitt, criador do temido e
imbatível avião de caça Me Bf 109 em 1936 e, posteriormente, do Me 262 Schwalbe
em 1941 (primeiro avião a jato do mundo), entre outros, entendeu que deveria
haver um meio de criar um equipamento que protegesse de alguma maneira os
pilotos das aeronaves em combate, e surgiram os coletes salva-vidas infláveis. Foi
o começo do conceito de utilizar o abundante e gratuito ar em um sistema de
proteção, e como tudo nessa época era desenvolvido na base do erro-e-acerto, é
melhor não tentar imaginar os resultados de centenas de testes até que a versão
oficial do Air-Bag fosse patenteada em 1953, aí sim nos Estados Unidos e, de lá
até bem pouco tempo, também recheado de contratempos, todo o sistema chegasse
no ponto de excelência atual.
Um Airbag é um sistema de retenção dos ocupantes de
um veículo, consistindo basicamente de um envelope de tecido flexível,
geralmente polímero de nylon, que se infla rapidamente, durante uma colisão. Os
veículos mais modernos costumam conter diversos módulos de Airbag em vários
lados e locais. Os primeiros modelos foram introduzidos nos automóveis durante
a década de 1970, com sucesso muito limitado. Seu aperfeiçoamento e
desenvolvimento o levou, então, a ter adoção comercial mais ampla durante a
década de 1980 e início de 1990. Os sistemas modernos são dotados de diversos sensores,
localizados em pontos estratégicos do carro, que detectam a forte desaceleração
do veículo e são acionados, emitindo sinais para uma unidade de controle. Essa
unidade checa qual sensor foi atingido e assim aciona o Air Bag referente a
este sensor, que é ligado a um filamento que fica em contato com uma pastilha
de Azida de Sódio (NaN3),dentro do airbag. Ele emite então uma descarga
elétrica, que aquece a Azida a aproximadamente 300 °C, iniciando a reação de
oxirredução que libera grande quantidade de Gás Nitrogênio (N2), em alta
velocidade, e assim a bolsa se infla rapidamente, em fração de segundos.
Porém, o sódio metálico
produzido é muito reativo, precisa ser inativado e, então, entra em cena o Nitrato
de Potássio presente na bolsa, formando mais Gás Nitrogênio, e os, os óxidos
produzidos, por serem prejudiciais a saúde, são anulados assim que entram em
contato com o Dióxido de Silício (SiO2),
um terceiro reagente presente no Air Bag, que nada mais é do que Sílica (a
grosso modo, a areia com que se fabrica vidro), e com a formação de produtos silicatos
alcalinos em toda essa cadeia de reações, o gás que escapa ao desinflar a bolsa
torna-se inofensivo. Tudo isso ocorre a uma velocidade de até 200 quilômetros
por hora, absorve o choque, evita que o condutor ou passageiro seja jogado para
a frente e se esvazia um segundo mais tarde, para não bloquear a respiração da
pessoa.
Mais recentemente, iniciaram-se os desenvolvimentos
dos Air Bags "inteligentes", que serão capazes de avaliar o peso e a
altura do ocupante e determinar a força apropriada para a ação do Air Bag. Como
dito lá no inicio desta matéria, um Air Bag não é, há muito tempo, um “saquinho
cheio de ar”; é um dispositivo complexo, exaustivamente desenvolvido,
plenamente aprovado e, apesar de sua aparente complexidade, seu custo de
fabricação não é nada de outro mundo.
Vale sempre destacar que de nada adianta a tecnologia
evoluir incessantemente, se as pessoas não tiverem consciência. Um Air Bag
perde toda sua eficiência se o motorista ou passageiro não estiver utilizando o
cinto de segurança, por exemplo, algo muito comum ainda hoje no Brasil. O Air
Bag é um sistema de proteção passivo; os cintos de segurança são ativos. Um
sistema complementa o outro, por isso passam, agora, a ser obrigatórios em
todos os veículos nacionais. É uma vitória, só me preocupa o valor que será
agregado aos veículos pela segurança extra...
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