domingo, 4 de agosto de 2013

Zastava Yugo: Pediu para ser feio e conseguiu ser pior!




Até 1992, o país chamava-se Iugoslávia, que era na realidade um aglomerado de mini-países, até se transformar em República Federal da Iugoslávia, ser modificado em seguida para Sérvia e Montenegro e, depois ficando apenas Sérvia mesmo; continuou ladeado por Macedônia, Kosovo, Montenegro, Bósnia-Herzegóvina, Voivodina, Croácia e, então, eu já situei você, leitor que a região é o leste europeu, onde o mau gosto em design parece ser obrigatório para mostrar a nós, capitalistas decadentes ocidentais, que beleza não é tudo. Verdade. Mas, além de fazer coisas feias, esses povos da antiga Cortina de Ferro insistem em que essas coisas feias também sejam coisas que não valham a pena, servindo apenas como exemplo do que não deve ser feito! Não, não se trata de ser radical... mas considerando-se ZAZ, Vaz, Trabant, Lada e outras coisas desse nível, difícil ser simpático a qualquer tipo de engenharia automotiva daquele extremo do Globo Terrestre, e temos aí o Yugo para carimbar como verdadeira a afirmativa.

Como parece nunca poder deixar de ser, o Zastava Koral, nome básico do Yugo, era mais uma remontagem do já encarquilhado Fiat 128 italiano. Naquele pedaço do Mapa Mundi, o que não era resto italiano com os Fiat, era resto francês com os Renault... para o povo, porque para os lideres do Partido somente limusines Zil serviam. A Zastava, antiga fabricante de armas na cidade de Kragujevac, iniciou suas atividades fabris no segmento de veículos montando caminhões Ford nos anos 30, depois os Jeeps Willys-Overland e, em 1954, passou a montar veículos de passeio; e na década de 1970 desenvolveu uma remasterização do Fiat 128, batizado Zastava 102, que mais tarde tornaria-se o mundialmente conhecido Yugo, cuja primeira unidade saiu da linha de montagem em 02 de outubro de 1978. O modelo foi produzido e comercializado nas versões 45, 55, 60, 65, Koral, Ciao, Tempo, Cabrio, GV, GVX e GVL. As versões 65 e GVX-EFI foram as primeiras a utilizarem injeção eletrônica de combustível em seus motores 1,1 litros e 1,3 litros. No final de sua produção, o Yugo ganhou uma sobrevida com a versão Zastava Koral IN, que oferecia regulagem de altura dos faróis, quatro auto-falantes no sistema de som, vidros elétricos, retrovisores externos dobráveis com ajuste elétrico, ​​rodas de liga leve e, como opcionais, condicionador de ar e câmbio automático Renault, comercializados na Sérvia, Montenegro, Croácia, Macedônia, Grécia, Libano, Síria, Tunísia e Egito, mercados acostumados a veículos desse nível.
O inusitado, no entanto – e serve para minimizar nossa síndrome de “tudo que não presta vem pro Brasil” –, é a desconcertante comercialização do Yugo no mercado norte-americano, por meio de Malcolm Bricklin, que queria introduzir um carro de baixo custo (em torno de U$ 4.000) e simples nas terras de Tio Sam. E conseguiu, já que 141.651 unidades foram por lá comercializadas entre 1985 a 1992. Não é divulgado, mas é certo que seus compradores certamente eram em grande parte compostos por aqueles imigrantes que lotaram a América capitalista decadente, fugindo, por puro masoquismo, das maravilhas de seus países comunistas e se sujeitando a viver com liberdade e dinheiro no banco.

Dando continuidade a sua linha de modelos, em outubro de 2003 a Zastava fez mais um acordo com a Fiat, para a produção do Fiat Punto para os mercados do Leste da Europa, rebatizado como Zastava 10, e com a Peugeot para produzir o Koral IN L 1.1 litros. Não contente com sua primeira investida, Malcolm Bricklin tentou trazer novamente os Zastava Yugo para os Estados Unidos em 2002, mas repentina e inexplicavelmente (?) suas atenções voltaram-se para a comercialização dos chineses da Chery Motors. Em sua tentativa de alcançar o mercado europeu, principalmente a Inglaterra, que tem uma queda especial por traquitanas dessa categoria, o Zastava Yugo chegou para competir com o Austin Metro, Ford Fiesta, Vauxhall Nova, Opel Corsa, Citroën Visa e Talbot Samba. Evidentemente, não se deu muito bem. Assim como outros veículos produzidos na Europa Central e Oriental, que se aventuraram no Ocidente – como os Lada e Sköda – o Yugo foi alvo de zombaria pelos críticos, que apontavam para o uso da antiga tecnologia Fiat,  a má qualidade da construção e baixa confiabilidade do modelo, que acabou por ser eleito como o pior carro do milênio...

Isso não impediu que o intrépido Zastava Yugo encerrasse sua produção com a marca de 794.428 unidades comercializadas, em 11 de novembro de 2008. Atualmente, a antiga Zavodi Crvena Zastava (Fábrica Bandeira Vermelha...) é pertencente ao grupo Fiat, agora sob o nome Fiat Automobili Srbija, onde são produzidos os Fiat Punto e 500L.

Renato Pereira - blogtruecar@gmail.com

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