Já há algum tempo que venho observando
a queda continuada da comercialização dos automóveis Station Wagon em todo o
mundo; a indústria automobilística, muito mais antenada do que eu, já havia
percebido esse efeito antecipadamente. Com a entrada de novas classificações de
carrocerias, onde se misturam Hatchback com Sedan, Minivan com Hatchback, que
se transforma em SUV e toda essa confusão atual, as Station Wagon perderam sua
função, que era simplesmente ser uma “perua” familiar. Como agora é possível
ter tudo junto e misturado em um único veículo, quem procurava uma Station
Wagon agora quer uma Minivan, que é maior que um Hatchback e menor do que um
SUV convencional (grandalhão), o que gerou a sub-divisão de SUV Compacta, Média
e Grande.
Então, é natural que as montadoras
foquem seus projetos nos segmentos que elas próprias criaram, e ofereçam mais e
mais modelos e versões para disputar esse mercado que só faz crescer e
esquentar. É exatamente o que está fazendo a Citroën – marca francesa
pertencente ao PSA Group (PSA = Peugeot Société Anonyme + Citroën, fundando em
1976) e que, em 2012, teve o ingresso da General Motors Company com 7% de
participação no grupo. Como todas as montadoras da atualidade, buscando
economia na produção de seus veículos, o grupo tem unidades fabris na China =
gente demais, emprego de menos, salários baixos, produtividade alta para
garantir o emprego – e é exatamente deste Continente que saiu o projeto da
investida da Citroën no segmento das SUV Médias – entre 4.600mm a 4.900mm de
comprimento. Os franceses sempre primaram por designs diferentes, para não
dizer estranhos. A Citroën sempre foi “craque” no setor, e basta nos lembrarmos
do modelo DS de 1955 para confirmar essa tendência da marca criada por André
Citroën em 1919. Agora, com a influência chinesa na área do design, que carrega
nas tintas do estilo de desenho animado japonês, e em breve chega ao mercado o
fruto do trabalho dessa união, o DS Wild Rubis (do mesmo lugar, aliás, de onde
vem o DS3, DS4 e DS5 a venda no Brasil).
Não se pode dizer que o DS Wild Rubis
– o DS sempre significou Déesse, que significa Deusa em francês, e que por transcrição
fonética tornou-se DS – seja feio. Tem linhas agradáveis, agressivas, fugindo
bem do lugar-comum em que se transformaram as carrocerias dos veículos desse
segmento (como, aliás, em todos os demais segmentos, de todas as montadoras,
que parecem ter um único catálogo de design, de um único estúdio, à disposição)
e apenas a dianteira destoa do conceito da montadora francesa, onde
desapareceram com a tradicional grade com o Duplo Chevron (símbolo tradicional
da marca) entre dois frisos. Em seu lugar, aplicaram um estranho acrílico
vedando o que seria a grade, e um DS estilizado cromado fixado no centro. Junto
aos grupos ópticos, o conjunto todo dá uma aparência de fusão entre o carro dos
Jetsons com Jáspion. O que devolve um pouco da identidade europeia à dianteira
é o conjunto para-choques, tomadas de ar inferiores e luzes auxiliares. As
linhas laterais são bonitas, bem dimensionadas, linha de cintura bem alta e
definida por um vinco profundo, com uma pequena tomada de ar para os freios
traseiros usuais em carros de corridas – e isso ficou estranho. A traseira
finalmente não foi esquecida, como de hábito, e é uma obra de arte.
A missão do DS Wild Rubis, cujo nome
mercadológico é DS4 X, com seus 4.700mm de comprimento, 1.950mm de largura e
1.590mm de altura é enfrentar principalmente o BMW X1, Range Rover Evoque e
Audi Q3. Isso significa que terá obrigatoriamente de ser muito bem equipado,
com muito luxo, conforto e tecnologia. Sua motorização, como manda a nova
coqueluche da indústria automotiva, é a já conhecida Hybrid4 da Peugeot. Sua
chegada ao mercado acontece no inicio de 2014 na Europa e, no Brasil, lá pelo
final de 2015. O que era Concept Car já é realidade na Europa, Ásia e Estados
Unidos; e para nós, Citroën do Brasil, o DS e seus Rubis Selvagens é apenas um
produto dos estúdios de George Lucas para outro filme de Guerra nas Estrelas?
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