Quando se fala em Superesportivos, o
pensamento, de imediato, vai para a Alemanha ou Estados Unidos ou Japão.
Afinal, é sempre desses países – ou para esses países – que construtores criam
os carros mais potentes, para atingirem as velocidades mais absurdas,
independente da possibilidade de se atingir, efetivamente, tais velocidades.
Raramente, estes mesmos construtores se preocupam com suas criações, digamos,
de A a Z, ou seja, potencia, conforto, dirigibilidade e, principalmente,
design, área que quase sempre deixam a desejar. Quando acertam na dianteira,
erram na traseira, e quando acertarem em ambos, o que nunca aconteceu, certamente
não será um Supercarro – “abrasileiramento” de Supercar ou Superesportivo, termo
criado pela indústria e que o Collins English Dictionary define como “um carro
muito caro, rápido e forte”. Como se pode notar, até o dicionário excluiu a
parte “beleza” do contexto. Não, não... coloque a mão na consciência e diga o
que um Koenigsegg CCXR, um Pagani Zonda ou um Bugatti Veyron tem de bonitos.
Não conseguiu, não é? É porque confundimos as bolas quando nos deslumbramos, só
isso. São ultra-potentes, barulhentos, espalhafatosos, entupidos de tecnologia,
cheios de metais e fibras a mostra, rodonas gigantes e, por serem muito diferentes
do que estamos habituados a ver nas ruas, achamos “bonitos”, quando na verdade
são estranhos pra caramba.
Então. Mas não é bem assim. Não é
porque um carro é um Superesportivo que é alemão, norte-americano ou japonês,
assim como não precisa, necessariamente, ser feio em nome da maior eficiência possível.
Alguns países europeus desenvolvem e produzem alguns dos mais fantásticos
Supercarros do mundo, o que parecerá estranho uma vez que pouco se sabe, no
Brasil, sobre a respeito da tradição e envolvimento de belgas, austríacos, holandeses
e suíços com carros e não apenas com relógio, queijo e chocolate. Para
comprovar tudo isso, eis o Weber Faster F1!
O primeiro protótipo do Superesportivo
suíço era uma coisa bem feia. A dianteira medonha e a traseira tosca sugeriam
mais um sonoro fracasso automotivo. Parecia seguir à risca a máxima de que um
carro projetado para atingir o topo da eficiência precisa ser esteticamente
feio e se tornar bonito pelo que é capaz de fazer e não pelo simples fato de
ser concebido para ter beleza.
Para sorte da humanidade, parece que
sua primeira carroceria tinha por objetivo apenas esconder toda a tecnologia em
desenvolvimento, uma vez que a versão final do Faster F1 (tem coisa mais europeia
do que complementar com um F1 um Superesportivo? Eles continuam acreditando que
a categoria que empresta a sigla ainda é o topo da cadeia alimentar da tecnologia
automobilística...) é incomparavelmente mais bonita, agradável, harmoniosa e só
se esqueceram, novamente, de que a traseira faz parte do carro, que ficou pobre
a beça, destoando do conjunto.
Linhas escorregadias, recortes
bruscos, dianteira bonita – apesar de convencional – teto delgado e asa
traseira (móvel) acompanhando os contornos da carroceria conferem ao Faster,
com seus 1,15m de altura, um visual bastante agradável. Pelo menos, a Weber
conseguiu unir a eficiência aerodinâmica e a dirigibilidade necessárias sem
condenar o design, onde as mini-saias laterais e o “afundamento” das linhas do
teto tem a função de canalizar o ar e forçar a carroceria contra o solo. Assim,
tornou-se funcional, e não meramente decorativo, o Venturi facilmente visível na
traseira do carro. Bem ao gosto europeu, as portas abrem-se em estilo canivete,
para cima, e tudo bem, isso também contribui para o toque de agressividade de
um Superesportivo, mesmo que seja desconfortável a ideia de abrir e fechar as
portas.
Como sempre, a parte mais bacana de um
Superesportivo não esta aparente. O quadro estrutural do Faster F1 é todo em alumínio,
e pesa... 65kg. Mesmo assim, sua resistência torcional garante flexionamento de
apenas 1 grau sob a pressão de 30 toneladas. Otimizando a distribuição de peso,
o tanque de combustível foi divido em quatro, colocando a mesma carga de peso
em cada eixo. O peso total do carro? 1.100 Kg.
Bom, mesmo com tão pouco peso e aerodinâmica
eficiente, sem um motor tamanho família fica difícil ultrapassar os 400 km/h, e
no caso do Faster F1 um poderoso V8 7,0 litros bi-turbo, com 900 Cv, com
variação de mapeamento da injeção direta de combustível possível ao motorista
graças ao volante parecido com console Playstation.
Acoplado ao motor, uma transmissão
sequencial de seis velocidades, com tração integral inteligente nas quatro
rodas – onde até 36% da potência total de saída pode ser enviado para as rodas
dianteiras – e o sistema de controle ativo de tração permite que o Faster F1
atinga os 100 km/h, partindo da total imobilidade, em míseros 2,5 segundos, os
200 km/h em 6,6 segundos e em 16 segundos estar ultrapassando a barreira dos
300 km/h. Ta bom assim?
Ah, é... tem de parar, não é? Como
economia não é a palavra de ordem em um Superesportivo, aqui as dimensões parecem criadas para um
Boenig C5 carregado conseguir frear após o pouso... 4 pinças com 12 pistões,
atuando em discos de cerâmica de 380mm x 34mm, com ABS e tudo o mais, fazem com
que o Weber Faster F1 percorra, a uma velocidade de 100 km/h, apenas 30 metros
para estancar, o suficiente para seus
olhos saltarem das órbitas na frenagem.
O mais bacana desse carro é o que a
própria Weber declara: Não teve, nem nunca terá, a menor pretensão de ser tão
confortável e requintado quanto um Bugatti Veyron – seu principal alvo – tanto que
oferece o carro em versão com acabamento nulo, eliminando, por exemplo, o couro
dos bancos em fibra de carbono, se o cliente quiser. Roman Weber, fundador da
empresa, entende perfeitamente bem que não há nenhuma necessidade prática de produzir
um carro como este, e que é um exagero um carro capaz de fazer um terço do que
o Faster F1 é capaz de fazer. E é justamente por isso que máquinas como esta
precisam ser desenvolvidas, pois representam a mesma coisa que um relógio suíço
faz – perfeição de engenharia pura, o foco funcional puro e a conquista de
desafios técnicos e físicos intransponíveis, derrubando mitos e criando outros.
Como o Weber Faster F1, cujo valor inicial é acima de U$S 1,5 milhão, mais ou
menos US$ 300.000 a mais do que um Bugatti Veyron!
Tem no Brasil? Não, não tem... mas
quem se interessar pode entrar em contato com a Bana Motors (www.banamotors.com) em Curitiba ou com a
Bremen Motors (www.bremenmotors.com.br)
em São Paulo para a importação legal do carro.
Renato Pereira – blogtruecar@gmail.com
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