Durante muito tempo, os carros criados
e produzidos no Japão só interessavam aos japoneses; eram feios, estranhos, com
cilindradas estapafúrdias e desejo nulo do restante do planeta. Então, o povo
da Terra do Sol nascente começou a mostrar projetos e carros realmente bons,
embora nem sempre com um design atraente; deve ser por simples questão de
gosto. Já a alguns anos, inclusive, que as montadoras nipônicas criam modelos
exclusivos para consumo interno, para desespero do Ocidente, que não tem acesso
a alguns verdadeiros bólidos de corridas que permeiam as ruas japonesas. Isso
porque a menos de 70 anos o país viveu o inicio de uma época miserável e
regulada, cheia de imposições dos “vencedores” norte-americanos na II Guerra
Mundial.
Então, a Honda decidiu entrar
no Mundo dos Esportivos. Seguindo o exemplo das marcas europeias especializadas
no segmento, como Ferrari, Porsche e Lamborghini, a Honda concentrou muita
engenharia, tecnologia de ponta e alta qualidade em sua construção. Com esta
receita, a empresa criada por Soichiro
Honda em
1948 colocava nas ruas, 48 anos
após sua fundação, o esportivo NSX (N=New, S=Sportcar, X=Experimental) em 1990, um coupé dois lugares, motor traseiro-central, carroceria
toda em alumínio
(assim como os braços de suspensão e estrutura dos bancos), pesando em torno de
200kg a menos do que se fosse construído com os materiais convencionais na
época. O projeto do interior (quase um cockpit) foi inspirado no avião de caça norte-americano F-16 Fighting Falcon, desenvolvido pela Lockheed
Martin, matando vários coelhos com uma única cajadada: esportividade, ampla
visibilidade, conforto e... clientes norte-americanos, os mesmos adoradores dos
esportivos europeus. Externamente, as linhas agressivas, faróis escamoteáveis,
grandes tomadas de ar laterais e lanternas que ocupam toda a traseira agradaram
em cheio. Para continuar agradando gregos e troianos, uma versão com teto
removível foi criada, a NSX-T (Targa).
O “coração” do Honda NSX é um de seus maiores
trunfos. Escondido atrás dos bancos, inicialmente o esportivo foi oferecido com
um V6 3,0 litros e 273 Cv de potência, sendo substituído em seguida por outro
V6, mas com 3,2 litros e 294 Cv – para o mercado norte-americano, onde chama-se
Acura NSX, marca criada pela Honda para concorrer com a Lexus, da Toyota – e no
Japão, como existe uma limitação de potência para veículos de série, a versão
japonesa tem “apenas” 280 Cv de potência – com câmbio automático ou manual. Atinge
a velocidade máxima de 275 km/h, e acelera de 0 a 100 km/h em 6 segundos. É
pouco? De que época estamos falando, mesmo? Bielas em titânio e cilindros em
liga de alumínio-carbono são algumas das inovações introduzidas nos motores do
NSX, trazidas da Fórmula 1, não por acaso justamente o motivo que tornou o
modelo icônico no Brasil, uma vez que um dos pelo desenvolvimento do Honda NSX
foi ninguém menos do que Ayrton Senna, e sua equipe era a mega-vencedora
McLaren Honda.
Relembrando seu passado glorioso e o alvoroço que o
NSX criou no mundo dos esportivos, a Honda apresentou, em 2012, uma nova versão
do modelo, com motorização V6 hibrido, com um design absolutamente avassalador.
Ainda era um protótipo, mas como diz o ditado, onde há fumaça, há fogo, e a
promessa é de que até 2015 o novo Honda NSX SH-AWD (Super Handling All Drive
Wheel) esteja disponível no mercado.
Enquanto isso não acontece, e entendendo a importância
das corridas na imagem e vendas dos carros lá no mundo civilizado, a Honda já
preparou a versão de pista do carro, batizada NSX Concept-GT para estrear já na
temporada 2014 do Super GT Series, que para estar em conformidade com os
regulamentos, recebeu um motor 4 cilindros em linha, 2,0 litros, turbo,
hibrido. O carro irá disputar curvas, freadas e retas contra Aston Martin Audi, BMW, Chevrolet, Lamborghini, Lexus, McLaren, Mercedes-Benz, Nissan, Porsche, Subaru e Toyota.
Renato Pereira – blogtruecar@gmail.com
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