domingo, 4 de agosto de 2013

Peugeot RCZ R: Missil francês brigar com os alemães!



Os coupé esportivos, aqueles carros pequenos, para dois passageiros – quem quer carregar mais gente compra um sedan... – sempre pautaram as agendas de projetos e lançamentos principalmente das montadoras europeias. A indústria norte-americana também faz lá suas intervenções no segmento, assim como algumas montadoras asiáticas, mas quem entende mesmo desse riscado são os europeus. Entre diversos modelos desses pequenos misseis, – em geral são pequenos e muito potentes – encontra-se a nova versão do francês Peugeot RCZ, lançado em 2010. Inicialmente apresentado como carro-conceito em 2007, com o nome 308 RCZ, é hoje comercializado em 80 países, o que demonstra sua grande aceitação no mercado, o que levou a montadora a atualizar o RCZ R para 2014, uma vez que as concorrentes acusaram o golpe mas não estão mortas!
Os brasileiros normais se familiarizaram com o termo “míssil” em meados de 1987, quando Fausto Fawcett achou que era cantor, e infernizou os ouvidos brasileiros com Kátia Flávia, que ele achava que era musica, onde mencionava o míssil francês anti-navios Exocet, enquanto uma loira que achava que dançava ficava se retorcendo ao som de bate-estaca. Muitos modelos de carros, desde então, foram associados aos misseis em geral, mas poucos merecem essa associação como o Peugeot RCZ R.

A Peugeot, montadora franco-italiana (pertence ao grupo PSA Peugeot-Citroën, sob controle total da Fiat) criou o coupé esportivo RCZ no Peugeot Design Lab, em Paris, e entregou o trabalho de desenvolver, estampar e montar sua nova criação para a Magna Steyr AG & Co, em Graz, na Áustria. Muitas vezes, é bem mais barato terceirizar todas as etapas da produção de um modelo, do que criar toda a linha própria para isso. E empresas especializadas no processo recebem a missão de produzir esses modelos, como é o caso da canadense Magna International, cujas linhas de montagem da filial Magna Steyr entregam, além do Peugeot RCZ R, os Mini Paceman e Country, Mercedes-Benz SLS AMG, Aston Martin Rapide, BMW X3,  Audi TT e outros veículos de pequena produção mensal, mas que exijam alto nível de qualidade e acabamento. Sua capacidade de montagem atinge a marca de 200 mil veículos por ano, sendo a maior fabricante de automóveis por contrato em todo o mundo. Por que expliquei tudo isso? Porque há tempos venho mencionando o fato de que, atualmente, nem sempre as marcas que os veículos ostentam significam, necessariamente, que sejam produtos dessas marcas, e isso não é nenhum demérito, é a maneira encontrada para minimizar custos sem reduzir o padrão pretendido.

O RCZ R é a evolução, principalmente em potência, do já conhecido coupé esportivo RCZ. Seu novo motor, embora seja novamente um quatro cilindros em linha com 1,6 litros, tem 260 Cv de potência máxima e impressionantes 170 Cv por litro, o que o torna o modelo em série mais “poderoso” da história da Peugeot, tornando o THP – Turbo High Pressure – um marco na engenharia de motores. Baseado na atual linha THP200, as unidades destinadas ao RCZ R recebem, além de softwares totalmente modificados, injeção direta de combustível, pistões forjados de alumínio, bielas forjadas, rolamentos e o próprio bloco do motor revestido com polímeros especiais. Mas o mais importante é o turbo-compressor tipo Twin-Scroll. A, você não sabe o que é isso? Também é da legião dos que acham que “turbo é tudo igual”? Hum... está na hora de você rever seus conceitos... o turbo-compressor tipo  Twin Scroll, ou Dividido, tem duas entradas de gases queimados do coletor de escape, contra apenas uma entrada dos turbo-compressores mais conhecidos. Com uma arquitetura onde o motor tem os comandos de válvulas de alto desempenho, podendo abrir-se as válvulas de escape, em cilindros diferentes, ao mesmo tempo, sobrepondo-se no final do curso de compressão de um cilindro e no fim do curso de escape de outro; como o coletor de escape é desenvolvido em função do turbo-compressor Twin Scroll, logicamente separa fisicamente os canais dos cilindros que podem interferir uns com os outros, de modo que o fluxo de gases de escape seja empurrado em espirais separadas – ou seja, Scroll. Além de tudo, isso permite a diminuição da temperatura dos gases de escape, melhora a eficiência da turbina e reduz o indesejado turbo lag, aquele tempo necessário para o sistema de escape gerar impulso, a partir da inércia, vencer o atrito e carregar o turbo-compressor, efeito que não existe em um motor naturalmente aspirado.

Para transferir a potência com o mínimo possível de perdas, a Peugeot optou por um câmbio manual de seis marchas, acoplado a um diferencial tipo Torsen (Torque Sensing, Sensível ao Torque), que funciona como um diferencial convencional, quando a quantidade de torque é igual em cada roda, até que uma roda comece a perder atrito, e a diferença de torque faz as engrenagens do diferencial Torsen se acoplarem, transferindo esse torque para a roda estável antes que patine de fato.
Como não poderia deixar de ser, o Peugeot RCZ R vem recheado com toda a eletrônica disponível e todas as suas siglas, o interior é esportivo, porém com bastante luxo e conforto. Suas dimensões são 4.294mm de comprimento, 1.845mm de largura e 1.352mm de altura, todo construído em alumínio, com peso total de 1.280 kg, e sua relação peso-potência é de 4,9 kg para 1 Cv de potência, acelerando de 0 a 100 km/h em 5 segundos e atingindo a velocidade máxima de 235 km/h. Seu principal adversário será o Audi TT.
O lançamento oficial do Peugeot RCZ R (cuja sigla não significa absolutamente nada, provavelmente alguém consultou um catalogo de letras e siglas, juntou RCZ + R, achou que ficou bom  e pronto, estava batizado o modelo), será em setembro, durante o Frankfurt Motor Show, e estará disponível no mercado em 2014, a um preço aproximado de £ 30.000, algo em torno de R$ 105.000,00 na Europa, e, se a filial brasileira resolver trazê-lo para o nosso mercado, o preço deverá ser bem salgado...



Renato Pereira – blogtruecar@gmail.com

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