Em todo Salão do Automóvel, em todo o
mundo, a prática é comum: na guerra pela atenção do publico e da imprensa, as
montadoras apresentam, entre lançamentos e remasterizações de modelos já
conhecidos, os chamados Concept-Cars, como seus laboratórios experimentais e
bla-bla-bla. Em 99,9% dos casos, nada desses Concepts sairão do papel um dia, tamanha
a “viagem” e devaneios poéticos dos departamentos de estilo e engenharia em
suas ideias de como será o futuro. Outros, no entanto, já nascem com cara de
“estou indo pra rua”. Nada de design marciano, interior moderno e recheado, mas
humano, trem de força pronto, testado e aprovado... como é o caso do Nanuk
Quattro, apresentado pela Audi no Salão de Frankfurt, Alemanha.
Nanuk significa Urso Polar em
Inuctitut, idioma dos Inuits, esquimós que vivem nas regiões do Alaska, Ártico Canadense, Nunavik, Nunatsiavut e Groelândia (Greenland), regiões inóspitas e de difícil
acesso. A montadora foi buscar longe a inspiração para o carro, como sugere seu
nome! É impossível agradar a todos, e seu design oscila entre deslumbrante,
mais-ou-menos e estranho, dependendo do ângulo que se olha. Nas palavras da Audi
e da Italdesign Giugiaro, é a “esportividade em uma nova forma”, já que o
Crossover é uma mistura de carro esportivo com carro estradeiro com carro de
corridas com carro off-road.
O motor que equipa o esportivo de dois
lugares é a evolução do mais do que consagrado 5,0 litros V10 TDi – Turbo
Diesel Injection – Twin-Turbo, com 544 Cv de potência, com o qual a Audi tantos
campeonatos de Endurance vem conquistando ao longo dos tempos, instalado
longitudinalmente à frente do eixo traseiro, acoplado a transmissão S-Tronic
com sete velocidades, montado atrás do motor, que transfere toda a potência do
motor as rodas pelo sistema Quattro com três diferenciais. Parece configuração
de carro de corridas? Pois é exatamente isso!
O Nanuk pesa 1.900 kg, o que não é
pouco. Mesmo assim, acelera de 0 a 100 km/h em 3,8 segundos, e atinge a
velocidade máxima de 305 km/h (parece que acabou aquela história de “acordo de
cavalheiros” na Alemanha, que limita a velocidade máxima em 250 km/h...). As
suspensões são pneumáticas, montadas em duplos triângulos, com amortecedores
controlados eletronicamente, controle de altura regulável, freios com discos de
fibra de carbono-cerâmica, e rodas de 22” calçadas com pneus 235/50 na
dianteira e 295/45 na traseira. A direção controla as quatro rodas. Aqui entra
uma tremenda tecnologia: quando o motorista anda em velocidades baixas a
moderadas, as rodas traseiras “fecham” em até 9 graus na direção das rodas
dianteiras, encurtando a distância entre eixos para cerca de 100 cm, reduzindo
o raio de viragem; em velocidades elevadas, o sistema desliga-se as rodas
traseiras “abrem” até 2,5 graus na direção oposta, ampliando a distância entre
eixos para cerca de 140 cm, para melhor estabilidade. O sistema faz isso
constantemente. Já pensou que legal andar assim na estrada? Tira-se o pé para
uma curva fechada, o carro “encolhe”, acelera-se, o carro “estica”...
O Audi Nanuk Quattro tem uma distância
entre eixos básica de 2.710 mm; suas dimensões são 4.541 mm de comprimento,
1.990 mm de largura e 1.337 mm de altura. A estrutura do é leve, em alumínio, dentro
do já descrito sistema Audi Space Frame
( ASF), além da aplicação dos componentes em polímero de fibra de carbono
reforçado ( CFRP). Outro detalhe particularmente interessante são os faróis. No
momento da a transição entre o uso de faróis baixos e altos, a nova tecnologia
Audi Matrix LED muda seu ângulo e foca-os para baixo.
O Audi Nanuk Quattro é reduzido ao
essencial, com sua arquitetura girando em torno do painel de instrumentos, em
fibra de carbono, apoiado por estribos de alumínio no console central. Todos os
elementos de controle estão concentrados no console central e volante. O carro
esta pronto, não é ficção científica. Em pouco tempo, a Audi estará anunciando
seu lançamento oficial, certamente com pequenas alterações e, possivelmente,
novas tecnologias. Se um dia chegará ao Brasil? Só se for pelas mãos de algum
aventureiro dando uma volta ao mundo. Como mencionado, o Audi Nanuk Quattro é
movido a diesel, nossa legislação sempre caminha na direção oposta à do mundo
civilizado, e como o diesel é bom para todo o mundo decente, não é bom para o
Brasil.
Renato Pereira – blogtruecar@gmail.com
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